"I'll be back", diz a princesa Leia em Guerra nas Estrelas.
E de fato voltou. Além dos três episódios antigos, a série de Guerra nas Estrelas ganhou novos episódios há alguns anos. Sinal dos tempos.
São ainda sinal dos tempos a volta dos cortes de cabelo moicanos, a calça jeans de cintura alta, as roupas de ginástica meio bregas, a regravação de músicas antigas e os contínuos blockbusters -- que surgiram há uns 20 anos. Isso quando não repetem os filmes, às vezes mudando uma coisa ou outra: os recentes "A fantástica fábrica de chocolates" e "Superman" ilustram isso.
O gótico "the Cure" foi transmutado em novos góticos como Marilyn Mason e Evanescence, que são góticos a sua própria maneira -- mas gostam de falar do mesmo tema. Renato Russo e Cazuza voltam -- se é que já saíram -- à moda. E Madonna nunca esteve tão "disco" como agora. Até Michael Jackson e Prince andam tentando.
Enfim, os exemplos são inúmeros, depois do buraco que se abriu em meados da década de 90, quando os Estados Unidos se viram como potência isolada e a produção de idéias se pôs a cochilar ou a se repetir.
Surgiram coisas novas, naturalmente, mas não tantas. Só um vazio como esse seria capaz de trazer de volta a década de 80 -- tida nos livros como a "década perdida" -- e as outras décadas de 70, 60, 50,...
E agora, depois de falar que tudo aquilo foi perdido de uma forma ou de outra, as pessoas olham para trás e vêem que não foi tão ruim assim. Saudades da infância: fenômeno interessante. É possível que tenha havido coisas boa por lá.
Mas não basta isso: agora voltamos à construção de muros -- entre israelenses e palestinos e entre americanos e mexicanos -- e voltamos à bomba nuclear. Parece idéia do Enéas, mas não é. "Back to the chain!"
Falta voltar o socialismo, dividir a Alemanha, colocar duas potências para duelarem, acabar com a liberdade de expressão, colocar os militares no poder e aí sim teremos tudo estabelecido, tudo pronto para que as coisas voltem ao seu estado anterior. E para que assim as pessoas voltem ao seu estado natural de poder protestar contra "tudo isso que está aí". Vão voltar a acreditar em ideais, a se organizar em comunidades Hippie, a engordar, a fazer permanente, a pintar quadros com o Belo e assim vamos.
É confortável, pois construiremos tudo de novo para poder descontruir, quebrar o muro. E depois voltará o vazio, a queda dos ideiais de novo, e depois a reconstrução e assim sucessivamente.
Pode até ser confortável a princípio, mas não esconde o vazio. E tenho a certeza.
quinta-feira
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